sexta-feira, 19 de junho de 2009

Escola e educação

“Nunca deixei que o período que passei na escola interferisse na minha educação.”
Esta citação de Mark Twain, foi extraída da obra de Claiton da Costa, de Porto Alegre, remeteu-me a várias indagações sobre o que é escola, sua função social e sobre o que é educação.
No mundo globalizado em que vivemos, em que tudo é rápido, em que a leitura, a escrita e os cálculos são pré-requisitos essenciais para que o indivíduo esteja “educado” ou apto para viver na sociedade, deve-se entender que educação e escola são conceitos distintos? O período escolar não é um período de promoção da educação? O que é educação, então?
Se procurarmos na literatura, muitos serão os conceitos difundidos e apregoados. Mas, discutiremos educação sobre a ótica do autor.
Em sua perspectiva, percebe-se que a escola é o lugar para o conhecimento científico, para a aprendizagem sistematizada de conteúdos historicamente construídos e, reproduzidos cotidiana e rotineiramente.
Pode-se pensar, também, sobre a educação construída com a junção dos fatores sociais, psicológicos, afetivos e éticos, e que o indivíduo, ao ingressar na escola, acaba por tê-los menosprezados ou ignorados. Infelizmente!
A escola prioriza os fatores cognitivos em oposição aos citados e tantos outros; desconhece ou desconsidera que a pessoa é formada por eles e, que as situações vivenciadas em todos os ambientes contribuem para que a educação aconteça.
Que os conhecimentos escolares não contemplam o ser integralmente, já o sabemos.
A escola, ainda, percebe o indivíduo de uma forma fragmentada, ora trabalhando aspectos cognitivos, ora sociais, em disciplinas estanques dissociadas do conhecimento de mundo ou ministradas sem significância. Quantas vezes, vemos assuntos e/ou conteúdos que não sabemos onde os usaremos.
Lembro-me de um aluno que passava de série em série, e todos os professores relatavam: hiperativo, com déficit de atenção, sem limites, importunava o bom andamento das aulas com perguntas às quais tais professores não sabiam respondê-las, além de totalmente fora do momento na sala de aula...
Qual não foi minha surpresa quando este aluno chegou a mim! Menino brilhante, participativo, questionador, crítico. Muito diferente do estigma que lhe foi imposto.
A cada conteúdo apresentado, ele só perguntava: “Por que devo aprender isto?” ou “Por que você está ensinando isto?”
Então, ele recebia a resposta sobre a relevância do assunto apresentado e participava ativamente das aulas, com questionamentos pertinentes ou colaborava com fatos ocorridos que poderiam ser colocados em pauta, tornando a aprendizagem significativa. A aula ficava rica!
Este aluno não permitiu que a escola atrapalhasse sua educação... Ele fez mais: uniu o que já havia sido construído aos conhecimentos escolares. Nem mais este, nem mais aquele.
Então, pergunto: por que é tão difícil esta união? Por que não se percebe o que o aluno traz para, a partir daí promover a aprendizagem, melhorando a qualidade da educação, bem como criar e manter uma interação entre os indivíduos onde o respeito e harmonia estejam presentes.

2 comentários:

  1. Oi, Flávia, mais um texto significante para quem atua na educação e pra quem está de fora da educação. Sem falar na imagem acima 1969-2009 que trata justamente da inversão dos valores. Parabéns, cada vez melhor teu blog. E teus textos. Indiquei esse artigo, via meu twitter (http://twitter.com/zeroig). Um abraço, Zé.

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  2. A escola divide os alunos em dois grupos: o aluno-modelo e o aluno-problema. Só que como você bem mostrou, o aluno-problema é pra escola modelo que já não existe mais. O aluno robotizado que só diz sim senhor(a), sim senhor(a) não existe mais há muito tempo. E o que é hiperativo é o aluno contestador, considerado pela esocla tradicional como aluno-problema, que poem em xeque o que é dado , quando não tem significância para ele.
    Na formação de alunos-monitores aqui, tenho atuado com alunos que não possuem PC em casa, só na escola, e mesmo assim em horários restritos, por conta de receio de sumiço de coisas e tudo mais... Mas esses alunos que não tem esse contato direto com o microcomputador, sabem jogar no videogame The Sims e outros jogos sofisticados que requerem raciocínio lógico, destreza, coordenação motora, percepção de espaço, lateralidade, etc. Mediar esse conhecimento q ele possui e trazer pra uma pratica significante é o desafio. Mas muitos temem justamente isso, não estarem mais no "controle remoto" da situação. tecnologia é ferraenta, é meio, e usada como tal, pode auxiliar. Mas se já se tem uma ideia preconcebida e rotulamos pessoas pelo que elas não demonstram, ai fica muito mais complicado. Textos como o teu , permitem essa reflexão e provocação saudável. Sem autocrítica, toda crítica é limitada. Um abraço, Flávia.

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Professor

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Os valores estão deturpados... pais, filhos e professores estão sem saber o que é pertinente a cada um!