sábado, 25 de abril de 2009

A necessidade da intenção

Tenho identificado no meio docente uma necessidade urgente de intenção. Não digo a intenção de desconversar algo, ou desculpar-se. É o “Foi sem intenção!” ou o “Foi sem querer!”
Na interação, muitas vezes ocorrem fatos que, depois de analisados, deveriam ser evitados, mas se não o foram, devem, realmente, ser desculpados. Aí entra o “Foi sem querer, desculpa!”
Não é desse tipo de intenção a que me refiro. Refiro-me à intencionalidade docente com a análise, proposta e escolha de objetivos pertinentes a sua turma, ao seu aluno. Essa intencionalidade baseia-se na busca de atividades que irão ajudar os alunos a desenvolverem habilidades ou competências.
A intencionalidade a que me refiro é a do professor pautar sua prática negando a reprodução mecânica de atividades, sem intenção, sem objetivos, sem critérios.
É necessário e urgente que o professor intencione sua prática, analise-a e responda a questões como:
“O que quero desenvolver com esse conteúdo?”
“Esta atividade ajudará em que meu aluno?”
“Quais competências e habilidades serão desenvolvidas com este exercício?”
Diante das respostas às perguntas acima, o professor terá uma intenção sobre a atividade que será desenvolvida e, com toda a certeza, o aluno participará mais em aula, construindo e reconstruindo seu conhecimento acerca do que foi estudado.
O que se percebe é que a reprodução de atividades muitas vezes deixa os alunos desmotivados, pois já as viram em outras situações e, com isso, não há desafio, não há novidade.
Lembro-me de uma conversa com uma professora muito querida, em uma das escolas em que trabalho, que me perguntou por que se deve evitar o “arme e efetue” com os alunos dos anos iniciais do Ensino Fundamental. Ressaltei que, para todas as atividades propostas em sala de aula, deve-se ter uma intenção. Qual seria a intenção ao passar o “arme e efetue”? Muito provavelmente, o objetivo esperado seria que o aluno arme os numerais e resolva as operações armadas. Não há problema nisso. O problema é a quantidade de vezes que essa atividade, com esse mesmo enunciado, aparece nos quadros-negros ou brancos de nossas escolas. O problema é o professor propor tal atividade somente por não ter mais o que fazer, o que passar e não saber o que se espera dela. Perguntei por que não propor situações-problema, em que há um desafio, pois o aluno precisa ler, interpretar e resolvê-las?
Portanto, reforço que, quando se tem uma intenção, o professor escolhe atividades qualitativas que estão de acordo com seu aluno, ajudando-o a desenvolver suas habilidades e competências.
FLÁVIA SAMPAIO

quinta-feira, 16 de abril de 2009

Professauro

Na nova realidade, o professor que não se adequar, não falar a mesma língua, não contemplar tecnologias atuais e atividades que incitam o pensar, corre um grande risco de se tornar obsoleto, ultrapassado, um” professauro”.

terça-feira, 7 de abril de 2009

A temperatura das relações

Li em uma entrevista que a “temperatura das relações” influencia positiva ou negativamente a aprendizagem. Entendo que, para que as relações humanas sejam saudáveis, deve-se investir na qualidade de tais, aumentando momentos de diálogo, prazer, escuta e aceitação.
Insisto que, no mundo atual, a qualidade das relações deve ser estimulada e que o nó destas relações está pautado numa educação que desconsidera o poder da convivência.
Para conviver abrimos mão do monólogo que impera em nossa existência, do narcisismo que, mesmo inconsciente, faz-nos sentir mais importantes, mais inteligentes, mais bonitos que o outro... Ou, não aceitamos as diferenças: de pensamentos, de atitudes, de gostos, de raças, de religiões... Enfim, para conviver devemos considerar o outro em toda a sua singularidade e respeitá-lo como ser único.
Desta forma, com respeito, a temperatura das relações aumenta, cresce, sobe e, conseqüentemente, sua qualidade também.
Em uma relação, em que um dos lados desconhece ou desconsidera a importância de investimentos qualitativos, a tendência natural é um esfriamento da mesma, ou seja, uma queda da temperatura.
Quantas vezes ouvimos estes comentários:
“ Devo agir de forma fria e calculista.” ou
“ Fulano foi muito frio ao falar sobre o Ciclano.” ou ainda
“ Devo ser fria para resolver tal situação.”
Esta queda da temperatura relacional demonstra pouco envolvimento entre os pares, desrespeito pelo outro e sonegação e trancamento das emoções, impedindo que as mesmas deixem de fazer parte da relação.
Na sala de aula, o professor que investe na qualidade da relação com seu aluno, promovendo o aquecimento da temperatura desta relação, oportuniza que sentimentos de segurança e coragem aflorem e circulem e, assim, sentindo-se seguro o aluno arrisca-se a investir em si mesmo, confiando em seu professor e nos amigos do grupo, podendo errar, mas sabendo que seu erro será respeitado e usado para seu crescimento. Enfim, arrisca-se a aprender.
Que todos nós possamos aumentar a temperatura de nossas relações!!!

sexta-feira, 3 de abril de 2009

Aluno pensante

Participei de uma palestra à qual o palestrante falava sobre a formação de um sujeito crítico, pensante, atuante, ator principal de sua história.
É de longa data tal afirmação... Não é uma fala atual, inovadora. Nós, educadores, realmente queremos que nossos alunos, ao passarem por um período de formação que é o período escolar, saiam capacitados para viver sua cidadania com plenitude, que saiam pensantes por si só, que consigam entender nas entrelinhas, que interpretem fatos de seu cotidiano com clareza e desenvoltura, que tenham acesso às novas tecnologias e filtrem o que é relevante para sua vida.
Isto é fato! Realmente é o que todos nós queremos. Mas, infelizmente, não sabemos como lidar com este novo aluno que quer isto tudo, que participa ativamente da vida e da realidade.
Queremos que o aluno seja pensante e crítico, mas, quando ele fala sobre sua experiência ou um fato ocorrido em seu dia a dia, rapidamente o cortamos, pois aquela não é a hora de falar... E qual será a hora? Qual é a hora do aluno falar e não do professor?
O Profº. Júlio Furtado, mestre em Educação, elencou em uma de suas numerosas palestras que professor tem mania de falar, de explicar, de ensinar, impedindo que o aluno fale e aprenda. Ele não oportuniza situações em que o aluno, através de sua interação com os demais, sua fala e a conexão com as estruturas de pensamento produza aprendizagem, construa conhecimento. Infelizmente, talvez o professor nem saiba disto, o professor ensina e o aluno não aprende, pois não ocorreu uma construção. O conhecimento veio verticalmente, como uma verdade absoluta, impedindo que o aluno a testasse, analisasse com suas aprendizagens prévias e as conectasse a estas.
Se queremos um cidadão atuante, pleno, temos que investir na formação de nossos alunos hoje, agora, propondo atividades significativas, instigadoras, que estimulem o pensar e o agir. Precisamos investir na fala, no pensamento... Para isto, devemos instigar o aluno com situações que favoreçam a socialização de saberes como o trabalho em grupo, a construção, o diálogo e a escuta.
FLÁVIA SAMPAIO

Professor

Professor
Os valores estão deturpados... pais, filhos e professores estão sem saber o que é pertinente a cada um!